01 Nov 2017 | HRS

Debate sobre Moedas Digitais lota auditório da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na última quinta-feira (26/10)


É um mercado que representa mais de 170 bilhões de dólares, cerca de 600 bilhões de reais. Tem crescimento rápido na América Latina. No recorte Brasil, em 2017, as projeções para o volume negociado, apenas nas exchanges nacionais, giram em torno de 3 bilhões de reais. Sua invenção é considerada um fato tão importante como a internet.

Esse é o cenário das moedas digitais ou criptomoedas, sendo a bitcoin a mais famosa delas, apresentado no “1º Encontro de Economia Digital – Oportunidades e Desafios das Moedas Digitais”, que fez com que mais de 150 empresários lotassem a sede da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) na última quinta-feira (26/10).

Organizado pela Comissão das Moedas Digitais (ComiBit) da ACSP e pela  Distrital Centro, em parceria com a Distrital Sul, o encontro também foi transmitido ao vivo pelas redes sociais (https://www.youtube.com/watch?v=1-6vo_gVouA_), onde mais pessoas puderam acompanhar e interagir com os debatedores: Domenico Lerario, membro da ComiBit e fundador e CEO da startup Econobit; Luiz Calado, economista e estudioso da regulação em mercados de capitais e moedas eletrônicas e Marcos Henrique, sócio-advisor da FoxBit.

O moderador do debate, Wagner Marcelo, membro da ComiBit e presidente da Ignitions, lembrou que o evento é um marco, pois o tema sai do mundo daqueles que detêm conhecimentos focados em tecnologia e passa a interessar também o empresariado. “Isso é importante para o desenvolvimento de novas tecnologias que vão ajudar o comércio e o serviço”, completa.

Participaram também do evento o vice-presidente da ACSP, José Maria Chapina Alcazar; o diretor superintendente da Distrital Centro, Luiz Alberto Pereira da Silva, e Bruno Rall, presidente da ComiBit, conselheiro da Distrital Centro e idealizador e fundador do grupo Bitcoin São Paulo (Meetup).

Confiança

Para o economista Luiz Calado, inicialmente foi difícil confiar em uma moeda sem lastro do Banco Central, porém atualmente é uma possibilidade de investimento com grande abertura mundial.

 “A perspectiva mudou e não posso negar algo que dá quase 600% de retorno em um ano. Hoje quando vejo o Japão e outros países olhando como oportunidade de investimento, não posso negar uma possibilidade de diversificação de portfólio”, avaliou o economista.

Brasil e Mundo

“Bitcoin não é o dinheiro da internet, é a internet do dinheiro”, disse o debatedor Marcos Henrique ao explicar sobre a economia digital no Brasil e no mundo. Segundo ele, países de primeiro mundo já estão se posicionando proativamente sobre o bitcoin. As exceções globais são governos “duvidosos”, como o da Venezuela.

“Países evoluídos de primeiro mundo têm uma regulamentação leve sobre o bitcoin e fazem o controle, mas não a ponto de matar essa inovação. Eles entendem o potencial da tecnologia e que ela pode melhorar a vida dos esbancarizados”, analisa o palestrante.

Quanto à popularização das moedas digitais no Brasil, Marcos Henrique disse não saber a intensidade – lenta ou rápida – se comparada com a de outros países, porém “é uma onda sem volta e vai chegar para todos, pois tem o poder de mudar negócios, modelos, gerar novas oportunidades e o de mexer na vida de todo o mundo”, completa.

Mito

Os debatedores explicaram que é um mito dizer que a bitcoin é anônima. “O que a mídia propaga, e que não é verdade, é que a bitcoin é anônima. A bitcoin não é o paraíso dos bandidos. É altamente rastreável, altamente verificável. É importante esclarecer, pois a maioria das pessoas não sabe”, disse o debatedor Marcos Henrique.

De acordo com Lerario, a segurança e a rastreabilidade das moedas digitais é possibilitada pela tecnologia do blockchain, palavra que se refere a uma cadeia de transações agrupadas em blocos e escrituradas na rede de forma imutável. “É como se fosse um cimento fresco: escreveu uma transação lá não há como alterar”, disse.

Riscos

Para os debatedores, assim como qualquer outro investimento, o bitcoin também é um risco. Diante desse assunto, Marcos Henrique conta que já teve conhecimento de casos em que pessoas venderam a casa e investiram tudo em bitcoin. “Isso é uma maluquice”, disse.  Ele explica que, do mesmo modo que a moeda sobe de preço rapidamente, ela também pode cair.

“As pessoas precisam ter uma maturidade tecnológica para fazer um investimento como esse de forma a não comprometerem suas finanças”, recomenda.

Palestras Internacionais

O diretor de desenvolvimento de negócio para a América Latina da startup alemão Brickblock, Gonçalo Sanches, falou sobre os desafios e a importância do alcance mundial das moedas digitais. “As pessoas vão ter acesso a ativos e a fundos tradicionais que antes não conseguiriam por vias comuns. Vai existir uma inclusão financeira global”, disse Sanches.

Já o diretor de expansão internacional da startup americana Cofound.it, David Sabo, explicou sobre a diferença entre dinheiro físico e o digital. “Basicamente, quando falamos de criptomoedas, estamos falando de dinheiro na internet que não pode ser copiado. A tecnologia blockchain permite que uma infinidade de coisas tornem-se possíveis.”

 

Fonte: ACSP

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